Procissão do Fogaréu

A Procissão do Fogaréu, que simboliza a busca e a prisão de Jesus Cristo, é realizada anualmente durante a Semana Santa, sendo a da cidade de Goiás a de maior expressividade local, por atrair inúmeros devotos e turistas todos os anos ao município. Trata-se de uma tradição que remonta ao século XVIII, com registros de sua realização na cidade de Sevilha (Espanha). 

Em Goiás, estima-se que a Procissão do Fogaréu passou a ser realizada por volta de 1745, até seu desaparecimento no início do século XX. A partir de 1965, com a fundação da Organização Vilaboense de Artes e Tradições (OVAT), a tradição foi reinventada a partir de pesquisas e estudos de seus membros junto à população da cidade de Goiás, persistindo até os dias atuais.

A Procissão do Fogaréu, tem início as 00:00h de quinta-feira, tendo seu início na porta do Museu de Arte Sacra da Boa Morte. Saindo do seu ponto de partida, os farricocos, que são homens encapuzados e vestimentas coloridas com tochas acesas, seguem rumo ao Santuário de Nossa Senhora do Rosário. Ao chegarem ao Santuário do Rosário, os farricocos encontram uma mesa, simbolizando a última ceia. É encenado um pequeno diálogo entre os farricocos e um hospedeiro. Os farricocos descobrem que Cristo já fez a última ceia e não está mais ali, então retomam as ruas, rumo à Igreja São Francisco de Paula, que localizada no alto de um outeiro, simboliza o Monte das Oliveiras. Lá, os farricocos encontram o Cristo e ao som do toque de clarim, o prendem. Nesse ato, o Cristo é representado por uma pintura frente e costas feita em linho, pela bisneta de Veiga Valle, a sra. Maria Veiga.

Após o sermão do Bispo Diocesano, os farricocos retomam o percurso em direção ao Museu de Arte Sacra da Boa Morte para encerrar a Procissão.  Atualmente, a Procissão do Fogaréu da cidade de Goiás é considerada Patrimônio Cultural e Imaterial por meio da Lei nº 21.855, publicada no Diário Oficial do Estado (DOE) em 11 de abril de 2023.

A Procissão do Fogaréu é rica em detalhes e beleza plástica. Os farricocos são personagens encapuzados que representam os soldados romanos em perseguição a Cristo, numa dinâmica que remonta às cerimônias espanholas de Toledo e Sevilha e ao período da inquisição. Na escuridão, as tochas, a rapidez e os encapuzados, criam um clima medieval de beleza e suspense ímpares pelas ruas da histórica Vila Boa.