Procissão dos Penitentes

A Procissão dos Penitentes, também chamada “das Almas”, é uma das celebrações que integram a programação da Semana Santa, na cidade de Goiás. Todos os anos, ela é realizada na Quinta-Feira Santa, por volta das 23h, e embora não seja tão conhecido, o cortejo sai pelas ruas da antiga Vila Boa ao som de ladainhas e músicas fúnebres, pedindo pelas almas dos fiéis defuntos. A Procissão dos Penitentes começa na quinta e tem como obrigatoriedade se encerrar na madrugada de sexta-feira santa, ou da Paixão, por ser um dia de endoenças. 

Reunindo pessoas vestidas de branco e com rostos cobertos por capuzes, a Procissão tem seu início na Igreja São Francisco de Paula, Igreja de Nossa Senhora do Carmo, Igreja do Rosário, Sala de velório da Santa Luzia, Igreja D’Abadia, antigo campo da forca. A caminhada segue por ruas e becos escuros até chegar o cemitério São Miguel Arcanjo, totalizando um número de sete paradas, simbolizando as sete Dores de Nossa Senhora.

Ao passar pelas igrejas, os encapuzados se ajoelham e pedem misericórdia às almas. Além disso, ladainhas fúnebres são entoadas durante todo o cortejo, bem como cantos de misericórdia. Em cada Igreja visitada é feita uma pausa para adoração e os penitentes e as pessoas que acompanham o grupo rezam. 

Segundo o professor e pesquisador de ciências da religião, Dr. Rafael Lino Rosa, a Procissão dos Penitentes tem origem europeia e começou a ser realizada após a peste negra. “Após a epidemia, homens e mulheres passaram a realizar penitências (sacrifícios) para que as almas do purgatório fossem libertadas e levadas para o céu. No Brasil, ela passou a ser realizada nas cidades do ciclo do ouro, como Goiás, Mariana, Ouro Preto e Diamantina, por volta de 1700. Hoje a tradição europeia ibérica traz traços da nossa goianidade e da nossa brasilidade”, declara.

Lendas

A Procissão dos Penitentes é cercada por lendas. A principal delas diz que um cortejo passava pelas ruas da cidade toda Sexta-Feira Santa com pessoas encapuzadas com velas nas mãos, rezando pelo alívio das almas. Certa vez, um dos membros da caminhada passou perto da janela de uma mulher tida como fofoqueira e entregou-lhe a vela, informando que a buscaria na semana seguinte.

Na semana seguinte, o encapuzado voltou para pegar a vela, mas quando a mulher abriu a gaveta encontrou um osso humano e desmaiou. Ao se confessar com o padre, o mesmo explicou que o ocorrido era um castigo por ela ser muito fofoqueira e viver na janela cuidando da vida dos outros.

Outra lenda que gira em torno da Procissão, diz que uma vez que a pessoa a realize, precisa fazê-la por, no mínimo, sete anos. E para quem reza durante o cortejo, tem a obrigação de rezar por sete vezes.